Oxe, Me Respeite nas escolas: conheça a historia de Cecília e o caminho da educação para igualdade de gênero
No Dia Internacional da Menina, a história de Cecília, estudante de Feira de Santana (BA), mostra como projetos de educação com foco em igualdade de gênero ajudam a construir novas formas de convivência e respeito.
No Colégio da Polícia Militar Diva Portela, em Feira de Santana, na Bahia, a aluna Cecília Cardoso de Jesus, 15 anos, fala com clareza sobre o que aprendeu nos últimos meses. “A gente aprendeu que o corpo da mulher não é vitrine. Que ‘não’ é ‘não’ e que as pessoas precisam respeitar isso.”
Cecília participa do projeto Oxe, Me Respeite nas Escolas, parceria do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) com o Governo da Bahia. A iniciativa promove três meses de oficinas em escolas públicas do estado, com atividades que estimulam o pensamento crítico sobre temas como violência de gênero, racismo, saúde sexual e reprodutiva, dignidade menstrual e diversidade.
Mais de dois mil estudantes baianos já participaram das atividades — e a meta é chegar a quinze mil até 2026. O projeto foi idealizado pela Secretaria das Mulheres do estado, com apoio do UNFPA, da Secretaria da Educação e da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Nas oficinas, Cecília e os colegas desenharam murais, assistiram a vídeos e debateram situações do cotidiano. O que parece simples — sentar no chão, pintar, conversar — foi o ponto de partida para questionar comportamentos naturalizados. “A gente fez um mural grande com frases tipo ‘minha roupa não é vitrine’. Todo mundo desenhou uma mulher e escreveu mensagens. Era pra lembrar que o ‘não’ precisa ser respeitado. E foi bom, porque a gente se escuta também”, conta.
Em outra atividade, o grupo assistiu a um curta-metragem em que um homem sonha que vive a rotina de uma mulher: cuidar da casa, do filho, do trabalho, e ainda lidar com o julgamento. “No final do sonho, ele ainda engravidava. Todo mundo achou engraçado, mas depois ficou pensando. Os meninos disseram: ‘não é possível que os homens tratem as mulheres assim’. Depois disso, pararam de fazer certas piadas”, diz Cecília. “Eles tinham mania de dizer: ‘vai varrer a casa’. Hoje não falam mais.”
A educação sexual também foi destaque nas oficinas. “Escola não é só sobre matemática, ciência. Não, tem que ter conscientização sobre esses temas”, defende Cecília. Ela reforça que aprender sobre corpo, direitos e respeito é essencial: “As pessoas acham que falar disso é errado, que vai incentivar os filhos [a fazer sexo], mas a gente precisa saber o que é certo, o que é respeitar o outro, o que é cuidar de si”, explica.
