Escuta qualificada e saúde mental
Nos últimos anos, a saúde
mental ganhou visibilidade como uma pauta urgente e indispensável na sociedade
contemporânea. O aumento dos índices de ansiedade, depressão e outras condições
emocionais têm aberto a necessidade de uma abordagem mais humana, empática e
profissional no cuidado com o outro. Nesse contexto, a escuta qualificada se
apresenta como uma ferramenta essencial, com técnica e preparo dos psicólogos,
profissionais que atuam diretamente na promoção do bem-estar emocional e na
construção de uma sociedade mais saudável.
Escutar de forma
qualificada vai além de simplesmente ouvir. Trata-se de uma prática ativa,
atenta e livre de julgamentos, na qual o ouvinte se coloca verdadeiramente
disponível para acolher o que o outro tem a dizer. Essa escuta exige preparo,
sensibilidade e formação técnica, pois envolve o manejo adequado das emoções, o
respeito ao tempo do outro e a capacidade de reconhecer sinais verbais e não
verbais.
Na era da saúde mental em
evidência, onde discursos sobre autocuidado, empatia e bem-estar circulam
amplamente, é fundamental compreender que a escuta qualificada não é apenas uma
habilidade desejável, mas uma responsabilidade ética. Ao oferecer um espaço
seguro de fala, contribuímos para que o sofrimento psíquico seja reconhecido,
validado e, quando necessário, encaminhado para um acompanhamento adequado.
Além disso, escutar com atenção fortalece vínculos, amplia a confiança nas
relações e favorece a construção de redes de apoio.
Em um mundo cada vez mais
acelerado, onde a comunicação se torna superficial e mediada por telas, o ato
de escutar com qualidade é quase um ato de resistência. Em meio à avalanche de
estímulos, notificações e respostas automáticas, parar para ouvir verdadeiramente
alguém exige intencionalidade e presença.
Escutar com qualidade é
também criar um espaço de confiança onde a palavra do outro pode emergir sem
medo ou pressa. Nesse sentido, a escuta qualificada se revela não apenas uma
prática terapêutica, mas um gesto de cuidado, solidariedade e transformação social.
Leidiana Silva, professora
do curso de Psicologia da Estácio
