O poder do livro, da Idade Média aos nossos tempos atuais

Chegamos a mais uma Bienal
do Livro do Rio de Janeiro, aliás, um momento maravilhoso para entendermos o
quanto este invento é um dos mais importantes da história da humanidade. Muitos
não sabem, mas durante muito tempo a gente dependia da memória das pessoas para
poder buscar formas de contar e recontar nossas histórias. Sim, isso era
maravilhoso, divertidíssimo, mas imagina quanta coisa legal foi perdida ou
repreendida. Quando começamos a fazer os escritos e a guarda desses, nós
precisávamos de gente que copiasse isso, e também muita coisa era perdida. Só
que, conforme a gente foi melhorando as técnicas, costurando livros, aprendendo
a fazer folhas, tanto com pele esticadas de carneiro, quanto com alguns
elementos de celulose ou papel de arroz, ou ainda outros elementos naturais que
permitiram mais livros, continuamos a perder muitas coisas.
Por ser mais rápido, o
livro tem um poder enorme de transformação em nossa sociedade, pois passamos a
criar uma ideia de que mais pessoas têm acesso a mais informações, além de
conhecimentos sendo trocados, multiplicados e replicados. A nossa capacidade de
transmitir as histórias, os aprendizados de pai para filho, de mãe para filha,
foram construídos e reconstruídos na ideia a ter a guarda da informação. Mas
nem sempre isso foi bem-visto. Durante a Idade Média, por exemplo, muitos
livros foram proibidos, outros foram raspados as tintas. No finzinho da Idade
Média, já na modernidade, a onda passou a se queimar livros, inclusive nas
mesmas fogueiras que se acusavam as bruxas. Ah, mas chegou o mundo moderno, o
surgimento do Estado-nação e não é que os governos passaram a ficar com medo de
livros? E alguns governantes fizeram fogueiras gigantes com eles. Muita gente
foi presa, inclusive no Brasil, porque tinha alguns livros considerados
perigosos em casa. Isso aconteceu mesmo no chamado "Mundo Livre",
como Estados Unidos, Brasil e Europa. Do lado comunista, depois da Segunda
Guerra Mundial, não era diferente, o tempo todo foram criados mecanismos para
saber o que e quem podia ler.
Nós vivemos a época do
chamado "tempos livres", onde podemos ler tudo, é mesmo? Como é que o
algoritmo anda tirando a sua condição de ler o diferente? Como é que você anda
desvalorizando a potência de se desenvolver lendo cada vez mais e abraçando
muitas vezes o resumo, a leitura genérica? Como é que você anda cuidando deste
grande invento da história da humanidade? Será que estamos valorizando os
livros de forma assertiva, entendendo que nossos cérebros e nossa sociedade
precisam ficar de olhos bem abertos? Penso que ao deixarmos de ler, estamos
diminuindo a nossa capacidade de pensar, transformar e vivenciar esse mundo de
maneira especial. Sendo assim, Viva a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, viva
os movimentos que permitem lembrar que precisamos cada vez mais ler e ler.
Teremos aí um bom motivo para lermos.