Marco Regulatório do EAD

O Novo Marco Regulatório
do EaD, traz o foco para uma delimitação das ofertas, estabelecendo os padrões
necessários para uma diferenciação clara, sobretudo por parte dos estudantes. A
equipe do passaopano, realizou entrevista com Ivana Rodrigues, especialista em
regulação do ensino superior e consultora de regulação da YDUQS, está à
disposição para sanar todas as dúvidas sobre novas regras do EaD, além de
abordar temas correlacionados como:
A procura por EAD aumenta
a cada ano?
O
ensino a distância tem crescido vigorosamente por mais de uma década porque
atende às necessidades de muitos que buscam ensino superior. O EaD tem se
consolidado como uma ferramenta essencial para democratizar o acesso à educação
no Brasil. Com mais de 30 anos de história no país, essa modalidade de ensino
abriga atualmente 4,3 milhões dos cerca de 9,5 milhões de universitários
brasileiros, evidenciando seu papel estratégico na ampliação das oportunidades
educacionais. O EaD não só tem sido um caminho para a educação, mas também um
impulsionador da mobilidade social e da formação de profissionais qualificados.
O crescimento expressivo da modalidade, que culminou em 2021 com uma oferta
maior de vagas no EaD do que no ensino presencial, atingiu um número superior
de ingressantes em 2023.
Quando ocorreu a
publicação do marco regulatório e quando ele começa a valer?
Ivana - A nova regulação
para o setor está sendo publicada pelo Ministério da Educação gradualmente. O
decreto divulgado no dia 20 de maio ainda será complementado por portarias
específicas, que são essenciais para uma análise mais completa do novo marco
regulatório. Trata-se de um processo de médio prazo. As instituições terão até
dois anos para se adequar às novas diretrizes. É importante destacar que as
mudanças não impactam os alunos já matriculados, que seguirão seus cursos
normalmente, no mesmo formato em que foram inicialmente inscritos, com total
estabilidade e segurança.
Como a você avalia o atual
marco regulatório do ensino superior brasileiro? Está adequado à realidade das
instituições?
Ivana - O novo marco
regulatório para o EaD é bem positivo. Ele incorpora evoluções que aconteceram
da pandemia para cá, além de criar definições e critérios mais claros para o
setor. EaD cresceu muito nos últimos 20 anos, porque é uma resposta muito
efetiva, muito inclusiva à nossa realidade como país, mas com esse crescimento
a oferta se tornou muito heterogênea. O novo marco estabelece critérios que
minimizam um pouco essa variação de formatos e modelos, buscando o que adiciona
qualidade acadêmica para os alunos. Entre os principais avanços estão
definições mais precisas para as atividades acadêmicas, a introdução do formato
de oferta semipresencial, incorporando os avanços do hibridismo, e normas
atualizadas para a atubbbação dos educadores, de avaliações e dos polos. As
instituições que já vinham trabalhando em busca de qualidade, pensando na
experiência acadêmica dos alunos, vão ter muito espaço para trabalhar sob essa
nova normatização.
O que muda na educação
superior com o novo Marco Regulatório?
Ivana
– A partir de agora, a regulação reconhece três formatos: presencial,
semipresencial e a distância. Cada um possui parâmetros obrigatórios de
composição da carga horária, com percentuais mínimos para atividades
presenciais, síncronas mediadas e assíncronas. Isso reduz ambiguidades e
melhora a fiscalização.
Como ficará essa
distribuição dos cursos com esses três formatos?
Ivana
– Com base nas novas regras, alguns ajustes ocorrerão no formato de oferta,
prática que será comum a todo o mercado. Os cursos de Medicina, Direito,
Odontologia e Psicologia, que nunca foram ofertados por EaD ou de forma
híbrida, continuam assim, e agora o curso de Enfermagem se junta a esse grupo.
Já os cursos da área de Saúde, e das áreas de Educação (Licenciaturas),
Engenharias e Ciências Naturais terão aumento de atividades presenciais, como
estágios, atividades extensionistas e práticas laboratoriais, e serão
enquadrados no formato semipresencial. Os demais cursos permanecem elegíveis
para o formato de ensino a distância.
Quais são os impactos para
os alunos que estão estudando atualmente e como fica para os futuros
estudantes?
Ivana – Todos os
estudantes que já estão matriculados terão seus direitos preservados até a
conclusão no formato vigente. Porém, novas matrículas nesses cursos, após 90
dias da publicação do decreto e da alteração do status no e-MEC, estarão
vedadas. Eles só poderão ser oferecidos nos formatos permitidos, como
presencial ou semipresencial, dependendo do curso.
Quais são as principais
exigências para os polos EAD?
Ivana – O novo marco
estabelece uma infraestrutura mínima obrigatória, para que os alunos possam
contar com os polos em suas jornadas acadêmicas. O mercado ainda aguarda a
publicação da normatização específica para os polos, que deverá ser divulgada
em breve pelo MEC.
O sistema de avaliação
atual reflete a realidade das instituições?
Ivana
- O SINAES é maduro e confiável. É natural que avaliações passem por melhorias
contínuas, especialmente em tempos de transformação digital e mudanças
sociais. A partir de agora as avaliações presenciais se tornam
obrigatórias para todas as unidades curriculares oferecidas no formato EAD, e
devem ter peso majoritário na nota final. Além disso, no mínimo um terço da
avaliação precisa desenvolver habilidades discursivas, como análise e síntese,
salvo nas atividades práticas.
Como ficam os processos de
credenciamento e recredenciamento das IES?
Ivana
– O processo passa a ser unificado. Instituições credenciadas para o presencial
podem solicitar credenciamento para semipresencial ou EAD, desde que atendam às
exigências específicas. Já as instituições públicas passam a ter credenciamento
automático para o semipresencial e EAD. E a partir de 2027, todas as IES serão
recredenciadas dentro dos novos parâmetros.
Você vê avanços no uso de
dados e inteligência regulatória por parte do MEC?
Sim, tanto o MEC quando o
Inep, que é uma autarquia que conduz análises setoriais sobre qualidade,
incluindo o Enem e o Enade, por exemplo, estão bem nessa frente. É um quesito
muito importante, quando se considera a complexidade que mencionei. A educação
superior forma um sistema muito vasto, heterogêneo e complexo. A tecnologia de
dados é instrumento fundamental para o órgão regulador.