Justiça condena Brasilgás/Ultragaz a pagar R$ 300 mil em indenizações e pensão vitalícia por acidente de trabalho com botijão de gás
Operário sofreu lesões
graves em explosão causada por falhas de segurança; advogado classifica caso
como "crime social"
A Justiça do Trabalho
condenou a empresa Brasilgás/Ultragaz a pagar R$ 300 mil em indenizações por
danos morais e estéticos a um operador, vítima de um grave acidente durante a
manipulação de botijões de gás, ocorrido em 2021, na unidade de Mataripe, município
de São Francisco do Conde, Região metropolitana de Salvador. A decisão de 27 de
maio deste ano, proferida pela juíza Maira Guimarães Araújo de La Cruz, da Vara
do Trabalho de Candeias (BA), apontou falhas graves nas condições de segurança
do local.
O processo movido pelo
operário e pelo advogado especialista em direito do trabalho Emílio Fraga e a
perícia comprovaram a negligência da empresa. Nos autos, a descrição do
acidente ocorreu quando Alison Batista do Sacramento realizava a retirada de
válvulas de botijões utilizando uma máquina de ferro, material que gera faíscas
e é inadequado para a operação. O equipamento correto deveria ser de cobre, e
só foi adquirido pela empresa após o acidente.
O advogado Emílio Fraga,
que representou a vítima, foi enfático ao criticar a conduta da empresa:
"Isso não foi um acidente, foi um crime social. A empresa optou por
economizar na segurança, mesmo ciente do risco. O trabalhador avisou, o perigo
era óbvio, e mesmo assim preferiram arriscar vidas a gastar com equipamentos
adequados”.
As irregularidades
apontadas e comprovadas no processo foram embasados na perícia que constatou
ainda a ausência de treinamento adequado para a função. Mesmo sendo os
funcionários alertados sobre os riscos faltava estrutura de socorro. O serviço
móvel de urgência demorou uma hora para atender a vítima e a enfermeira
presente não soube agir, segundo testemunhas.
Fraga destacou também que
a sentença tem caráter punitivo e pedagógico porque o "O valor da
indenização não apaga o sofrimento, mas serve de alerta: quem negligencia a
segurança será responsabilizado."
Alison sofreu deformidade
craniana (dano estético grau 7, considerado grave) e seqüelas psicológicas. A
Justiça fixou R$ 150 mil por danos morais e R$ 150 mil por danos estéticos com
uma pensão vitalícia equivalente a 75% do piso salarial da função.
Dados do Ministério
Público do Trabalho (MPT) mostram que o Brasil registra mais de 500 mil
acidentes de trabalho por ano, muitos em setores com terceirização e
fiscalização frágil. “A decisão reforça jurisprudência recente que
responsabiliza tanto a contratada quanto a tomadora de serviços por falhas em segurança”, sentencia Fraga.
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