Diálogo sobre Inclusão: Acessibilidade Atitudinal no Contexto Escolar

Inclusão
concerne a promover oportunidades para que todo indivíduo participe
integralmente na sociedade. No contexto social, incluir é um ato que aspira a
eliminar barreiras, assegurar ambientes onde a diversidade seja o princípio
norteador, favorecendo a equidade e o pertencimento. A inclusão tem como
premissas contribuir para uma sociedade mais justa, envolvendo a garantia de
direitos e participação igualitária para todos, independentemente de suas
características individuais.
Nesse enquadramento, a
inclusão pode ser considerada em contextos diversos, como: Educação Especial,
inserção no mercado de trabalho e inclusão social. Na perspectiva da Educação
Especial, refere-se ao direito de matrícula em escolas do ensino regular, adaptação
curricular e contratação de profissionais de apoio. No mercado de trabalho, à
inserção de pessoas com deficiência, garantindo acesso sem preconceito e
subestimação; e na inclusão social, respeitando as diferenças, impedindo a
intolerância religiosa, o racismo e a discriminação quanto à orientação sexual.
A conscientização é o
melhor caminho para combater a exclusão, incentivando a reflexão e a empatia.
Sob esse olhar, o Instituto de Desenvolvimento Ser Humano (IDSH), representado
pela CEO Dulce Almeida, neuropsicopedagoga e analista comportamental, em parceria
com o NAAP do Centro Universitário Estácio, sob coordenação da psicopedagoga
Fernanda Menezes, promove o III Workshop Inclusão, Acessibilidade e
Pertencimento, nos dias 23 e 24 de maio. As inscrições estão disponíveis na
plataforma Ticketo ou pelo link na bio do @idsh_espacomultidisciplinar. O
evento tem o objetivo de promover a formação continuada dos profissionais e
estudantes das áreas de Educação e Saúde, além de disponibilizar informações
para as famílias e profissionais de apoio.
Intrinsecamente, a
inclusão está diretamente associada à diversidade, fortalecendo, nesse âmbito,
a importância de valorizar o ser humano como único, com características
próprias e que se diferenciam uns dos outros. Olhando por essa ótica, a
relevância da proposta do trabalho de inclusão se alinha com a Constituição
Brasileira, que garante que todos, perante a lei, são iguais, sem distinção,
não podendo ser discriminados. Ressalta-se que ser igual não implica
homogeneizar, o que se qualifica como características únicas de cada sujeito.
Os pilares do olhar
inclusivo no contexto da Educação são: acesso, acolhimento, formação continuada
dos profissionais, rede de apoio, recursos, a comunidade e o diálogo contínuo
com a família. Em complemento, são imprescindíveis parcerias educacionais e da
saúde, além de uma comunicação assertiva. A garantia de acesso a uma educação
de qualidade inicia-se por um ambiente acolhedor, provido de empatia e
respeito.
A modalidade de ensino
conhecida como Educação Especial, preferencialmente, deve ser oferecida na rede
regular, incentivando a inclusão e atendendo alunos que apresentem dificuldades
ou potencialidades específicas, com o objetivo de desenvolver o sujeito na sua
integralidade, incluindo os aspectos cognitivos, emocionais e sociais. Nesse
cenário, incluem-se os alunos com deficiência, transtornos do
neurodesenvolvimento, altas habilidades e superdotação. Incorporam-se, nesse
contexto, os alunos com defasagem pedagógica.
Uma das ações que
beneficiam a conduta de inclusão escolar é a acessibilidade atitudinal, sendo
um dos passos cruciais para o desempenho do processo inclusivo. Nesta,
implementam-se mudanças significativas relacionadas ao comportamento e
receptividade, proporcionando serviços e informações que atendam às
necessidades de todos, sem exclusão.
As mudanças mais
significativas decorrentes da acessibilidade atitudinal estão relacionadas ao
modo como as pessoas percebem e tratam as questões ligadas à inclusão,
eliminando estereótipos e desconstruindo tabus - transformações que
impulsionam o empoderamento da pessoa com deficiência, fortalecendo seu
engajamento social, estimulando a empatia, a conscientização e o respeito.
O oposto à acessibilidade
é denominado barreira atitudinal, que se caracteriza por comportamentos e
atitudes que impedem o avanço da inclusão. Na sociedade contemporânea, ainda se
encontram desafios quanto às barreiras atitudinais em espaços institucionais
que viabilizam a integração dos alunos, mas, no quesito da proposta inclusiva,
não avançam nesse ponto. Apesar de leis que garantem direitos educacionais,
como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI – Lei nº 13.146/2015), a própria
Constituição Brasileira, a LDB – Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394), a
Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012) e, atualmente, o Parecer CNE/CP nº
50/2023, aprovado pelo Conselho Nacional de Educação e homologado pelo MEC,
estabelecendo diretrizes para a educação dos estudantes com Transtorno do
Espectro Autista (TEA), a realidade é que faltam profissionais capacitados,
infraestrutura adequada e comprometimento dos agentes de inclusão.
Parecer 50 destaca o
Atendimento Educacional Especializado (AEE) como acompanhamento pedagógico, e
não clínico, isentando a exigência do laudo médico para solicitar profissional
de apoio. O foco deve estar no desenvolvimento das habilidades do estudante, e
o laudo médico torna-se um documento complementar, mas não obrigatório. A
oferta de profissionais de apoio deve ser baseada nas necessidades de cada
aluno no contexto educacional.
O suporte do profissional
de apoio será especificamente para o desenvolvimento das habilidades de
comunicação, interação social e cuidados pessoais, e não para desenvolver
adaptações de atividades pedagógicas. Dessa forma, fortalece-se a importância
dos encontros de formação continuada dos professores em práticas inclusivas
para atender adequadamente aos alunos, além de estimular o envolvimento da
família e da comunidade escolar, enfatizando a valorização da assistência às
necessidades dos estudantes.
Para gerar uma cultura de
acessibilidade atitudinal, é necessária uma mudança de mentalidade, entendendo
a inclusão no modelo social, desmistificando o conceito de problema individual,
e compreendendo a acessibilidade como um direito de todos. Agir ou reagir são
ações individuais e coletivas. Combater as barreiras atitudinais indica uma
postura de resistência à exclusão e impulsiona a melhoria nos aspectos
educacionais. Ideias errôneas sobre deficiência problematizam a sociedade
quanto aos seus pensamentos, atitudes e responsabilidades.
A transição da integração
para a inclusão na Educação ou em outras esferas da sociedade requer mudanças
de paradigmas, transformação, e acolhimento com empatia.
Dulce Almeida
Pedagoga /
Neuropsicopedagoga / Com especialização em Análise Comportamental
CEO do Instituto de
Desenvolvimento Ser Humano (IDSH)