Avicultura regional impulsiona renda e segurança alimentar no interior da Bahia

Há mais de duas décadas, o professor Ronaldo Vasconcelos, coordenador do Laboratório Experimental de Avicultura (Labeave) da Uesb, em Itapetinga (BA), desenvolve um trabalho pioneiro com raças regionais de aves. A iniciativa visa não apenas resgatar o patrimônio genético da avicultura brasileira, mas também fortalecer a agricultura familiar com aves rústicas e produtivas, adaptadas às condições locais.

Entre as raças desenvolvidas estão a Meia Perna, Caneludo do Catolé, Peloco, Frango da Carne Negra, além do Peru Preto Caipira e do Pato Catolé. Mais de 2 mil aves já foram distribuídas como base reprodutiva para quintais em diversas cidades da Bahia.

Uma das estratégias de disseminação da genética é o programa “Guardiões”, que reúne hoje mais de 30 criadores de diferentes regiões do estado. Eles se responsabilizam pela manutenção e multiplicação dessas raças, com apoio técnico do Labeave.

O laboratório também firmou parceria com o Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia (Cedasb), com atuação em mais de 20 municípios. As aves crioulas desenvolvidas pela Uesb estão agora presentes em 28 cidades, beneficiando diretamente cerca de 300 famílias agricultoras.

Itagibá, no interior baiano, é um dos exemplos de sucesso. Com apoio da Uesb, o município implantou um núcleo de reprodução com 50 aves da raça Caneludo do Catolé. Atualmente, a população aviária já chega a 250 animais, com o projeto “Trabalho Decente: Criação de Galinhas” atendendo 50 famílias. A comercialização de ovos já começou, e há planos para a construção de um entreposto.

Para os produtores, como o aposentado Antônio Nascimento de Jesus, o projeto tem gerado impacto direto na segurança alimentar e na renda. “Posso oferecer à minha família uma alimentação natural e de boa procedência, além de vender reprodutores e preservar nossas raças nativas”, afirma.

A experiência conduzida pelo Labeave mostra que a valorização da avicultura regional pode ir além da produção de alimentos: trata-se de uma ferramenta poderosa para geração de renda, preservação genética e fortalecimento da agricultura familiar no semiárido baiano.

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