MPBA aciona Unimed por suspender tratamento de crianças com TEA

O Ministério Público do
Estado da Bahia (MPBA), por meio da 4ª Promotoria de Justiça do Consumidor de
Salvador, ajuizou uma ação civil pública contra a Unimed Nacional – Cooperativa
Central por práticas abusivas contra consumidores com Transtorno do Espectro
Autista (TEA), especialmente crianças e adolescentes. A operadora de planos de
saúde teria rescindido contratos de forma unilateral, negado ou limitado
arbitrariamente terapias essenciais e interrompido tratamentos prescritos,
descumprindo até mesmo decisões judiciais. Diante disso, o MPBA, em ação do
promotor de Justiça Saulo Mattos, pediu, no dia 28 à Justiça, que adote medidas
urgentes para que a empresa restabeleça imediatamente os atendimentos
interrompidos, disponibilize profissionais qualificados conforme prescrição
médica e cumpra integralmente as terapias indicadas. Também solicitou a
suspensão dos cancelamentos de contratos e a aplicação de multa diária em caso
de descumprimento.
A ação tem como base um
inquérito civil que reuniu provas documentais e relatos de pais denunciando
prejuízos ao desenvolvimento de seus filhos. O MPBA também destacou reclamações
feitas em órgãos de defesa do consumidor e junto à Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS). Segundo o Ministério Público, a interrupção dos tratamentos
causou danos emocionais severos às famílias, além de comprometer o
desenvolvimento das crianças, especialmente nos períodos críticos de
aprendizado.
O promotor de Justiça Saulo
Mattos explica que a Unimed desrespeitou normas que garantem a cobertura
obrigatória de terapias para pessoas com TEA e interferiu na autonomia dos
médicos ao impor restrições administrativas aos tratamentos. A operadora também
teria descumprido regras do Código de Defesa do Consumidor ao adotar práticas
abusivas e limitar indevidamente o acesso a serviços essenciais. Além de
restabelecer os tratamentos, o MPBA pede que a empresa seja condenada a
indenizar os consumidores pelos danos materiais e morais sofridos, incluindo
dano moral coletivo devido à gravidade das infrações.
As investigações apontaram
ainda que a operadora reduziu a carga horária de terapias essenciais, negou
procedimentos prescritos e descumpriu normas da ANS, que garantem cobertura
obrigatória para métodos reconhecidos, como ABA e Denver. O MPBA reforça que
essas práticas ferem direitos fundamentais dos consumidores e destaca a
importância da atuação coletiva para coibir abusos no setor de planos de saúde.