Projeto “Nós por Nós” promove debate sobre racismo, com Lázaro Ramos

Marcando as ações do Dia
Internacional Contra a Discriminação Racial, nesta sexta-feira (21), a
Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) realizou o 2º encontro do
"Nós por Nós: Projeto de Incentivo à Produção Literária do Campo, Indígena
e Quilombola no Estado da Bahia", no auditório do Instituto Anísio Teixeira.
O evento contou com a apresentação de um Awê, dança tradicional do povo Pataxó,
realizada por estudantes do Colégio Estadual Indígena de Coroa Vermelha,
localizado em Porto Seguro, e a participação do ator, diretor e escritor,
Lázaro Ramos, autor do livro “Na minha pele”, que compartilhou, com 170
estudantes de seis colégios estaduais, suas experiências pessoais e reflexões
sobre racismo, respeito às diferenças e formação de identidade.
A secretária da Educação, Rowenna Brito, falou sobre a
importância em poder proporcionar momentos de interação e troca de
experiências entre estudantes, professores e personalidades. “Nossa luta diária
é para que eles possam ocupar os espaços e possam ter mais oportunidades.
Trocar experiências com pessoas como Lázaro Ramos, que um dia foi estudante da
rede estadual da educação, é inspirador”.
Durante o encontro, Lázaro Ramos compartilhou como foi o
processo de criação de seu livro Na minha Pele, que integra o conjunto de obras
que serão trabalhadas pelo projeto Nós por Nós. "No começo, eu escrevi um
livro muito pretensioso, cheio de lições de moral, como se eu fosse um
cientista político, o que eu não sou. Com o tempo, percebi que precisava
colocar meu coração nele. Foi quando comecei a falar da minha família, da escola
em que estudei, dos meus sonhos e, principalmente, da arte. A arte sempre
esteve presente na minha vida, e percebi que ela nos cura. Minha mãe, que
trabalhava o dia inteiro e estudava à noite, fazia teatro e era feliz ali.
Então eu entendi: eu precisava falar disso também”.
Ao final da palestra, foi aberto um momento de perguntas,
no qual professores e estudantes puderam sanar suas dúvidas e curiosidades
sobre o autor e o livro. A estudante Euza Maria de São Pedro Neta, 17 anos,
aluna do Colégio Estadual do Campo Anna Junqueira Ayres Tourinho, localizado no
distrito de Mataripe, em São Francisco do Conde, o presenteou com uma caneca
com símbolo de sua escola e falou da importância encontro como forma de
inspiração para os jovens da escola pública. "Nossa escola é do campo e
abriga estudantes de diversas localidades. Cada pessoa estampada na caneca foi
importante para a construção da nossa escola, que é um símbolo de resistência e
nos torna únicos. Sempre fui muito fã do trabalho de Lázaro. Minha mãe também
sempre admirou ele. Crescer vendo essa representatividade e ter a oportunidade
de encontrá-lo foi algo muito especial. É algo que vai ficar para sempre no meu
coração”.
Participaram do 2º encontro do "Nós por Nós: Projeto
de Incentivo à Produção Literária do Campo, Indígena e Quilombola no Estado da
Bahia" estudantes dos colégios estaduais Marcílio Dias, de São Tomé de
Paripe e de Aplicação Anísio Teixeira (CEAAT), localizados em Salvador; do
Campo Anna Junqueira Ayres Tourinho, do distrito de Mataripe, em São Francisco
do Conde; do Campo Nossa Senhora da Conceição Fazenda do Rosário Tempo
Integral, de Maragogipe; Quilombola Bacia do Iguape, de Santiago do Iguape, em
Cachoeira; Indígena de Coroa Vermelha, de Porto Seguro.
Sobre
o projeto Nós por Nós
Lançado em 2024 pela SEC, o projeto Nós por Nós é voltado à promoção da
valorização cultural ao incentivar a produção literária do campo, indígena e
quilombola no Estado da Bahia, enfatizando a importância da coletividade e da
colaboração e a participação dos estudantes neste contexto para que, juntos,
aprendam a trabalhar, a celebrar a cultura e a arte, e a reconhecer a
importância da literatura como uma ferramenta de transformação social.