Em Salvador, profissionais de saúde de todo país debatem enfretamento ao HTLV

Em alusão ao Dia Nacional de Enfrentamento ao HTLV (23 de março), acontece na quarta-feira (19) e quinta-feira (20) um seminário de âmbito nacional para discutir diversos aspectos sobre o vírus e seu cenário no Brasil. O encontro será no auditório da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, no Cabula, e contará na plateia com mais de 180 convidados, representantes de órgãos de saúde dos 27 estados do Brasil.

O seminário é organizado pelo Ministério da Saúde, por meio da Coordenação-Geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (Cgist/Dathi/SVSA), em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde da Bahia (Sesab), a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, e a Representação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sediada na Bahia.

Nos dois dias de seminário, mesas e palestras, representantes de diversas secretarias estaduais de saúde, pesquisadores de universidades e profissionais renomados na área debaterão temas variados sobre o HTLV, como políticas públicas de combate ao vírus em todo mundo, avanços no diagnóstico e tratamento, experiências de profissionais de saúde e pacientes, além de cuidados de prevenção na transmissão vertical de HTLV.

“O seminário visa discutir estratégias para o aprimoramento das ações de prevenção da infecção pelo HTLV, incluindo a transmissão vertical, bem como a construção e a implementação de uma linha de cuidado para as pessoas vivendo com HTLV. Além disso, será um espaço para o compartilhamento de experiências bem-sucedidas, com diálogo entre gestores(as), pesquisadores(as), profissionais de saúde, sociedade civil e demais pessoas interessadas, incentivando o debate científico e a busca por estratégias mais eficazes para o controle da infecção pelo HTLV e a eliminação de sua transmissão vertical”, avalia Eleuzina Falcão, coordenadora de doenças e agravos da Sesab.

O HTLV

O HTLV é um vírus da mesma família do HIV e infecta células importantes para a defesa do organismo. Apesar de ser conhecido desde 1980, ele continua representando um grande desafio para a ciência. Trata-se de um vírus de impacto mundial e o cenário brasileiro aponta que provavelmente o país tenha o maior número de casos no mundo, apesar das estratégias adotadas nas últimas décadas.

O Governo Federal estima que mais de 800 mil brasileiros estejam infectados pelo HTLV. Desde fevereiro do ano passado, a notificação da infecção passou a ser compulsória, com profissionais de saúde de serviços público e privado devendo comunicar obrigatoriamente os casos ao Ministério da Saúde.

A sua dispersão pelo corpo humano acarreta diferentes formas de transmissão, como por exemplo, através de drogas injetáveis, transplante de órgãos e pela via sexual. Dentre as principais formas de transmissão do vírus está a chamada ‘transmissão vertical’, que acontece quando a mãe infectada transmite o vírus para o bebê (na hora do parto ou no aleitamento), e as relações sexuais desprotegidas, o que faz do HTLV uma infecção sexualmente transmissível. Além disso, o uso compartilhado de seringas, agulhas, alicates de unha ou outros utensílios também podem levar ao contágio.

A maioria das pessoas portadoras do HTLV não desenvolverá problemas de saúde relacionados à infecção, porém, a depender do tipo de vírus, a doença pode causar complicações. O HTLV do tipo 1 pode causar uma doença neurológica crônica e grave chamada Paraparesia espástica tropical ou Mielopatia associada ao HTLV-1 (HAM), que pode comprometer o movimento das pernas e o controle da bexiga.

Alguns sinais podem indicar a presença do HTLV: lesões da pele (vermelhidão excessiva, placas avermelhada, descamação, coceira,); aumento dos gânglios do pescoço, das axilas, das virilhas (ínguas); inchaço na barriga (por acúmulo de líquidos, aumento do baço e do fígado); anemia, febre persistente e pneumonias de repetição; fraqueza e/ou rigidez dos músculos das pernas.

Até o momento, não há disponível uma vacina ou tratamento para a infecção causada pelo HTLV-1/2. Portanto, a ênfase recai na prevenção e controle, visando evitar suas diversas formas de transmissão. Ambos os vírus estão associados a células presentes em componentes como sangue, sêmen, fluido vaginal e leite materno dessa forma, os esforços são direcionados para a interrupção da propagação desses fluidos biológicos, evitando novas infecções.

A prevenção passa por uma série de medidas já muito conhecidas e que servem para proteger de inúmeras outras doenças, como hepatites, HIV, Sífilis etc. Por exemplo, o uso de preservativos nas relações sexuais com parcerias não estáveis tem um potencial muito grande de evitar o contato com o vírus. Já no caso da transmissão da mãe para o bebê, é fundamental que o pré-natal esteja em dias e que o teste para detectar o HTLV seja realizado.

 

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