Vereadora Aladilce denuncia “passarela da vergonha” no carnaval de Salvador

“A prefeitura não pode ceder a área
pública para benefício exclusivo de um camarote, que já fatura alto com o
carnaval sem sequer dar contrapartida aos foliões e trabalhadores que fazem
essa festa acontecer e ser a maior do planeta”. O desabafo foi feito pela vereadora
Aladilce Souza (PCdoB), líder da bancada da oposição na Câmara, ao denunciar a
instalação de uma passarela privada, no Morro Ipiranga, exclusiva para
frequentadores e artistas do camarote Glamour.
Da tribuna da Câmara ela denunciou o que chamou de passarela
da vergonha: “Uma passarela ligando o Morro Ipiranga a um camarote, para que os
vips não precisem passar pelo meio dos foliões. Um absurdo total, é levar a
segregação às alturas. Nós confirmamos com a Saltur e pedimos informações sobre
a solicitação e a liberação dessa passarela segregacionista, inclusive qual a
legislação que permite essa privatização do espaço público. A prova de que quem
tem dinheiro se beneficia de diversas formas da cidade”.
Após receber a denúncia de um grupo de moradores da região,
Aladilce cobrou explicações da Saltur, durante apresentação do Masterplan, por
Márcio Sampaio, para diversos vereadores. O representante do órgão confirmou
que a estrutura estava sendo montada pela empresa que explora o camarote,
surpreendendo aos vereadores das duas bancadas. A líder da oposição foi ao
local comprovar a “arbitrariedade autorizada pela prefeitura” e protocolou
ofício junto à Saltur requisitando informações sobre o que justificou a
liberação da obra.
O ofício requer informações sobre: autorização e
licenciamento, incluindo a documentação vigente para o funcionamento da
passarela; responsabilidade técnica, empresas ou órgãos responsáveis pela
instalação, fiscalização e eventuais intervenções na estrutura; e plano de
contingência, medidas previstas para garantir a segurança dos usuários,
especialmente em casos de superlotação ou emergências.
Termo de conduta
Na audiência pública sobre Trabalho Legal no Carnaval,
realizada pela Câmara no Centro Cultural, antes da reunião na Saltur, com a
presença de representação do Ministério Público, do Detran e da Polícia
Militar, além das categorias de trabalhadores, a vereadora sugeriu a realização
de uma mesa de negociação, convocada pelo MPE e MPT, para que as demandas
apresentadas sejam encaminhadas ao Executivo municipal, que não mandou
representante. “A ideia é estabelecer um termo de ajustamento de conduta”,
frisou.
Propôs, também, para as próximas festas, um seminário, com
ampla consulta popular, sobre o modelo do carnaval, incluindo questões como
exclusividade de marcas de bebidas e mudanças de circuito. Aladilce dividiu com
o vereador Maurício Trindade (PP) a condução da audiência, que contou com a
participação também dos vereadores Randerson Leal (Podemos), Marta Rodrigues
(PT), Sílvio Humberto (PSB) e Eliete Paraguassú (PSOL).