Cesta básica sobe e já consome ao menos 40% do salário mínimo

Levantamento de preços de
itens de consumo básicos nas capitais do país identificou aumento no custo da
cesta básica em janeiro deste ano em 13 das 17 cidades pesquisadas.
A maior alta foi em Salvador
(6,22%), seguida por Belém (4,80%) e Fortaleza (3,96%). As quatro cidades onde
houve redução no valor global dos itens foram Porto Alegre (-1,67%), Vitória
(-1,62%), Campo Grande (-0,79%) e Florianópolis (-0,09%). O levantamento –
realizado desde 2005 - é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese).
A cesta básica mais cara foi
cotada em São Paulo, onde os alimentos que a compõem custam R$ 851,82, 60% do
salário mínimo oficial (R$ 1.518).
Em janeiro, segundo o
levantamento do Dieese, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma
família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.156,15.
Estudo divulgado em dezembro
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que a renda média
do trabalhador brasileiro foi de R$ 3.279,00 em outubro de 2024, dado mais
atual disponível.
Valores
A comparação, segundo o
Dieese, é possível "com base na cesta mais cara, que, em janeiro, foi a de
São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que
estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um
trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação,
vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência".
Em janeiro de 2024, deveria
ter ficado em R$ 6.723,41 ou 4,76 vezes o valor vigente. A inflação dos últimos
12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi
de 4,8%, valor próximo ao aumento indicado.
As cidades do sul e sudeste
estão entre as mais caras cotadas. Em Florianópolis, o valor médio da cesta
básica foi de R$ 808,75, no Rio de Janeiro R$ 802,88, e, em Porto Alegre, R$
770,63.
Custo
Curitiba, com R$ 743,69,
Vitória com 735,31 e Belo Horizonte com R$ 717,51 completam o setor, mas foram
superadas por Campo Grande (R$ 764,24), Goiânia (R$ 756,92) e Brasília (R$
756,03). As capitais do Norte e Nordeste pesquisadas têm custos abaixo da
metade do valor do salário mínimo. Em Fortaleza a cesta básica custou em média
R$ 700,44, em Belém R$ 697,81, em Natal R$ 634,11, em Salvador R$ 620,23, em
João Pessoa R$ 618,64, no Recife R$ 598,72 e em Aracaju R$ 571,43.
A análise do Dieese liga o
aumento da cesta básica ao comportamento de três itens principais: o café em
pó, que subiu em todas as cidades nos últimos 12 meses; o tomate, que aumentou
em cinco cidades, mas diminuiu em outras 12 nesse período, mas teve aumento
acima de 40% em Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro, por
conta das chuvas; e o pão francês, que aumentou em 16 cidades pesquisadas
nos últimos 12 meses, o que se atribui a uma "menor oferta de trigo
nacional e necessidade maior de importação, nesse cenário de câmbio
desvalorizado".
O reajuste poderia ter sido
maior, porém, foi contido por itens como a batata, que diminuiu em todas as
capitais no último ano, o leite integral, que, apesar do reajuste durante o
ano, teve queda em 12 cidades em dezembro, e o arroz agulhinha e o feijão preto,
que têm caído de preço nos últimos meses por conta de aumento na oferta.