Mulher baleada pela PRF na noite de Natal deixa hospital no Rio

Juliana Leite Rangel, baleada
na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera do último
Natal, deixou o hospital nesta quinta-feira (6). Ela ficou 45 dias internada no
Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, região
metropolitana do Rio de Janeiro.
“A paciente Juliana Leite
Rangel, 26 anos, vítima de lesão por arma de fogo na região do crânio, recebeu
alta hospitalar, com orientação de seguimento ambulatorial na unidade”,
informou a direção do hospital.
“Estou muito feliz e
emocionado”, comemorou o pai da jovem, Alexandre Rangel. Juliana chegou ao
hospital com o estado gravíssimo, precisou de sedação, foi submetida a
traqueostomia (procedimento cirúrgico que consiste em criar uma abertura na
traqueia/garganta para que o paciente possa respirar) e respiração com a ajuda
de aparelhos.
Gradativamente, apresentou
melhoras no quadro de saúde, respondendo a estímulos do ambiente e interação
com familiares. No entanto, a progressão não foi linear e o processo de
reabilitação chegou a ser interrompido por causa do agravamento de um
quadro infeccioso.
Após a alta, o pai de Juliana
contou à Agência Brasil que a filha está “se comunicando bem e interagindo sem
sequela. Está só com aquela dificuldadezinha de andar, andando escorando na
pessoa. Esses dias ela estava reclamando da visão, meio embaraçada, não está
enxergando bem. O resto, glória a Deus, está tudo bem”, descreveu.
Segundo Alexandre, Juliana -
que trabalhava como agente de saúde do município de Belford Roxo, também na
região metropolitana do Rio - ficará na casa da irmã dela, Jéssica.
Relembre o caso
Juliana Rangel foi atingida
por um tiro de fuzil na noite da véspera de Natal, dentro do carro da família,
na Rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias. Segundo o pai dela,
Alexandre Rangel, que dirigia o carro, não havia nenhum motivo para a abordagem
a tiros.
Ele também foi atingido na
mão esquerda e recebeu alta ainda na noite do dia 24 de dezembro. O carro da
família, com cinco pessoas, ficou com várias perfurações.
A Polícia Federal (PF) e o
Ministério Público Federal (MPF) investigam o caso. O diretor-geral da PRF,
Antônio Fernando Souza Oliveira, afirmou que a corporação apura todos os casos
de excessos durante abordagens policiais feitas por seus agentes. Os dois
homens e a mulher que participaram da abordagem foram afastados preventivamente
de todas as atividades operacionais.
A PRF afirma que
disponibiliza auxílio logístico para os deslocamentos necessários à família,
além de ofertar apoio psicológico.
Menina morta em 2023
Em 2023, outro caso de carro
atingido por tiros disparados por policiais rodoviários federais no Rio de
Janeiro terminou com a morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de
apenas três anos de idade. A abordagem foi no dia 7 de setembro, na
Rodovia Raphael de Almeida Magalhães, conhecida como Arco Metropolitano, na
altura do município de Seropédica, no estado do Rio.
A denúncia do MPF detalha que
o pai de Heloísa, Willian de Souza, dirigia o veículo da família e percebeu que
era seguido por uma viatura. Ele ligou a seta e foi para o acostamento, mas os
policiais atiraram contra o carro ainda em movimento.