Presidente Lula fala do novo programa de crédito do país sobre ”consignado CLT”

O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva destacou nesta quinta-feira (30) a proposta, em elaboração no governo,
para garantir que trabalhadores com carteira assinada (CLT) do setor
privado possam ter acesso a crédito consignado com juros mais baixos.
"Parecia uma coisa
impossível e ontem chegamos a um acordo [com os bancos]. Vai ser o maior
programa de crédito da história desse país. Se prepare, vem uma bomba boa de
crédito nesse país", celebrou o presidente, em entrevista coletiva a
jornalistas, no Palácio do Planalto, em Brasília.
"Eu acho que pouco
dinheiro nas mãos de muitos significa distribuição e renda e muito dinheiro nas
mãos de poucos significa miséria", reforçou. "Falta alguns ajustes de
linguagem jurídica na lei que queremos mandar", completou.
A ideia do governo é criar
uma plataforma que permita aos bancos e instituições financeiras
acessar diretamente o perfil de crédito do celetista por meio do eSocial,
o sistema eletrônico obrigatório que unifica informações trabalhistas,
previdenciárias e fiscais de empregadores e empregados de todo o país. Para
isso, o presidente deve editar uma medida provisória ou enviar um projeto de
lei ao Congresso Nacional. A previsão é que isso ocorra em fevereiro.
O crédito consignado é um
empréstimo que tem as parcelas descontadas diretamente do salário ou benefício
do devedor. É uma modalidade de crédito que oferece taxas de juros mais baixas
e é uma das mais utilizadas no Brasil, especialmente por servidores públicos e
aposentados e pensionistas do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS).
Regras
A legislação que trata do
consignado já permite que trabalhadores com carteira assinada possam ter acesso
a este tipo de empréstimo, descontado do salário, mas ele requer a assinatura
de convênios entre empresas e bancos, o que, na prática, dificulta que pequenas
e médias empresas, e muitas grandes empresas também, possam aderir ao modelo em
larga escala.
Na proposta do governo, que
ainda será apresentada, as regras sobre limites do consignado para
trabalhadores celetistas deverão permanecer como estão, como o teto de 30% do
salário comprometido com o empréstimo e a possibilidade de usar 10% do saldo do
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o total da multa recebida por
demissão sem justa causa para o pagamento dos débitos, em caso de desligamento
do emprego.
Segundo dados apresentados
pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), a massa salarial dos
trabalhadores CLT do setor privado alcança cerca de R$ 113 bilhões, enquanto o
volume de crédito consignado neste segmento é de apenas R$ 40 bilhões. Já a massa
salarial de aposentados do INSS e servidores públicos, que gira em torno de R$
120 bilhões, resulta em uma oferta de crédito consignado de R$ 600 bilhões. O
objetivo, como a nova plataforma, é triplicar a oferta de crédito para o
empregado CLT.