Lula: diz que não se surpreendeu com a Copom
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (30) que não se
surpreendeu com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), agora sob a
presidência de Gabriel Galípolo, ter mantido o ritmo até então registrado de
alta de juros, elevando a taxa em um ponto percentual.
“Uma
pessoa que já tem a experiência de lidar com o Banco Central, como eu tenho,
tem consciência de que, num país com o tamanho do Brasil, com a
responsabilidade do Brasil, o presidente do Banco Central não pode dar um
cavalo de pau no mar revolto, sabe, de uma hora para outra”, disse, em conversa
com jornalistas.
“Já
estava praticamente demarcada a necessidade da subida de juros pelo outro
presidente [do Banco Central, Roberto Campos Neto]. O Galípolo fez aquilo que
ele entendeu que deveria fazer. Nós temos consciência de que é preciso ter
paciência”, completou Lula.
Durante
a coletiva, o presidente disse ter “100% de confiança” no trabalho do novo
presidente do Banco Central. “E tenho certeza de que ele vai criar as condições
para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a
política permitir que ele faça”, afirmou.
“Nós,
como governo, temos que cumprir a nossa parte. A sociedade cumpre a parte dela
e o companheiro Galípolo cumpre a função que ele tem, que é de coordenar a
política monetária brasileira e entregar para nós, dentro do possível, a
inflação mais baixa e o juro mais baixo possível. É isso que vai acontecer. Eu
já esperava por isso, não é nenhuma surpresa pra mim.”
Autonomia
Lula
disse ainda que, em seu governo, o presidente do Banco Central terá “autonomia
de verdade”. “O [ex-presidente do Banco Central Henrique] Meirelles já teve,
durante oito anos. Não foi um dia, foram oito anos”, lembrou, ao se referir ao
período em que Meirelles assumiu a política monetária, entre 2003 e 2011.
Segundo
o presidente, o recado dado por ele para Galípolo foi: “’você vai ter
autonomia. Faça o que for necessário fazer. O que eu quero que você saiba é que
o povo e o Brasil esperam que a taxa de juros seja, dentro do possível,
controlada’. Para que a gente possa ter mais investimento e mais
desenvolvimento sustentável, gerar mais empregos e gerar mais distribuição de
riqueza nesse país”.
“Eu
não esperava milagre. Eu esperava que as coisas acontecessem da maneira que ele
[Galípolo] entendeu que devem acontecer”, concluiu Lula.