Haddad defende redução de taxas de vale-refeição para baratear comida
A regulamentação de uma lei
de 2022 que permite a portabilidade dos vales-refeição e alimentação ajudará a
baratear o preço da comida, disse nesta quinta-feira (23) o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad. Ao retornar de reunião na Granja do Torto, ele negou
que o governo pretenda usar recursos do Orçamento para baratear o preço dos
alimentos.
Segundo Haddad, o governo
deve avançar com a portabilidade dos tíquetes refeição e alimentação, o que
poderia baratear a taxa de 1,5% a 3% cobrada pelas administradoras dos cartões.
O ministro informou que o governo federal estuda a regulamentação da Lei 14.422, sancionada há três anos, que mudou
o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e cria a portabilidade, por meio
da qual o trabalhador poderá escolher a empresa gestora dos tíquetes,
atualmente definida pelos recursos humanos de cada empresa.
“Penso que tem um espaço ali,
regulatório, que caberia ao Banco Central, já pela lei, mas que não foi feito
até o término da gestão anterior. Eu penso que há um espaço regulatório que nós
pretendemos explorar no curto prazo”, afirmou Haddad, ao retornar de encontro
de cerca de nove horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e os
ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Secretaria de Comunicação Social da
Presidência da República, Sidônio Palmeira.
Para Haddad, a maior
concorrência entre as bandeiras de vale-alimentação e refeição poderá resultar
na redução das taxas de cartões. De acordo com o ministro, isso, em tese,
barateará o preço dos alimentos, tanto nos restaurantes quanto nos
supermercados. A lei também prevê que as máquinas serão obrigadas a aceitar
todas as bandeiras de cartões, em vez de serem atreladas apenas aos
estabelecimentos credenciados.
“Regulando melhor a
portabilidade, nós entendemos que há espaço para queda do preço da alimentação.
Tanto do vale-alimentação quanto do vale-refeição. Porque a alimentação fora de
casa é tão importante quanto a compra de gêneros alimentícios no supermercado.
Entendendo que, regulando bem a portabilidade, dando mais poder ao trabalhador,
ele vai encontrar um caminho de fazer valer o seu recurso, daquele benefício
[a] que ele tem direito”, declarou o ministro.
A regulamentação do tema
depende do Banco Central, que seguirá diretrizes estabelecidas pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN). Nesta quinta-feira, haveria a reunião de janeiro do
órgão, mas o encontro foi cancelado por falta de temas a serem votados.
Sem recursos públicos
Uma nova reunião de Haddad
com o presidente Lula está prevista para as 9h desta sexta-feira (24), na
residência oficial da Granja do Torto para estudar medidas de redução no preço
dos alimentos. Haddad negou que o governo pretenda recorrer a subsídios, que
consomem recursos do Orçamento, para intervir no mercado de alimentos.
“Ninguém está pensando em
utilizar espaço fiscal para esse tipo de coisa. O que nós sabemos é que o que
afetou o preço dos alimentos, especialmente leite, café, carne, frutas, é
porque são commodities [bens primários com cotação
internacional], são bens exportáveis, fazem parte da nossa pauta de
exportações”, explicou.
Segundo o ministro, além da
regulamentação da portabilidade dos vales-refeição e alimentação, a queda do
dólar e a previsão de nova safra recorde para este ano ajudarão a reduzir os
preços dos alimentos. Ele atribuiu as notícias de uso de recursos públicos para
intervir no mercado a boatos espalhados por quem quer que o dólar suba.
“É uma boataria que interessa
a algumas pessoas. Porque uma pessoa pode fazer o que ela quiser em uma
reunião. Agora, transformar isso em política pública, tem que passar por
ministro, pelo presidente, pelo Congresso, tem que passar por muita gente”, afirmou
Haddad.