Bahia inaugura primeira delegacia de combate ao racismo e à intolerância religiosa

A primeira Delegacia
Especializada de Combate ao Racismo e Intolerância Religiosa (Decrin) da Bahia
foi inaugurada nesta terça-feira (21), em Salvador, e começa após sanção
assinada pelo governador Jerônimo Rodrigues, durante entrega da unidade, no
Engenho Velho de Brotas, onde antes funcionava a Delegacia Especializada de
Atendimento à Mulher (Deam). A unidade funcionará dentro do Centro Policial de
Cidadania e Diversidade (CPCD), investigando e reprimindo crimes de racismo e
intolerância religiosa de forma complexa, atendendo especificidades como
LGBTfobia e violências direcionadas a pessoas idosas.
“Aqui tem segurança pública,
mas tem assistência social, tem direitos humanos, com uma missão, muito forte,
de garantir o direito de quem queira fazer uma denúncia. Para aqueles que não
tiverem coragem, nós vamos preparar, cada vez mais, a sociedade baiana. Agora
temos mais um instrumento, inicialmente, aqui, em Salvador, mas nos próximos 10
anos vamos garantir que a intolerância religiosa seja banida do nosso estado.
Preparamos nossas forças, tem muita competência nesse serviço. A gente vai
trabalhar para zerar isso”, frisou o governador Jerônimo Rodrigues, sobre a
política baiana de combate aos crimes de racismo.
A delegacia funcionará 24h,
todos os dias da semana, com serviço de investigação, assistência social e
psicologia, cartório, sala de reconhecimento e apoio integrado dos Núcleos
Especializado de Atendimento à Mulher (Neam), de Combate aos Crimes Cibernéticos
(Cyber), de Diversidade e da Delegacia Especial de Atendimento ao Idoso
(Deati), que também atenderão na estrutura de segurança. No local também terá
um posto SAC, com oferta de serviços de cidadania.
“Nesse Centro vamos aglutinar
diversos serviços para proteção dos grupos vulnerabilizados. Mais uma vez, a
Bahia sai na dianteira, reforçando o seu compromisso com a defesa da nossa
liberdade de expressão, da liberdade religiosa, onde todas as pessoas possam
ter seus direitos devidamente garantidos. Entendemos que a gente consegue
vencer o preconceito através da difusão do conhecimento e do respeito às
pessoas. E é que vamos fazer”, reforçou Heloísa Brito, delegada-geral da
Polícia Civil da Bahia (PC-BA).
Liderança religiosa e diretor
da Associação Mesa de Ogãs de Camaçari, Antônio Passos entende a delegacia como
um instrumento de reparação, que ultrapassa o combate ao racismo e à
intolerância religiosa.
“Muita gente já sofreu muito!
Muitos terreiros já foram atacados, muitas pessoas morreram, por conta do
racismo religioso. Eu vejo a delegacia como um start, como um novo momento
político e social para a Bahia, sendo referência também para outros estados.
Infelizmente, é uma realidade presente em todo o Brasil. Mesmo em Salvador, na
cidade mais preta fora de África, ainda vivenciamos isso. Espero que essa e
outras políticas continuem sendo fomentadas para que nós possamos defender a
nossa ancestralidade, ter o direito de professar a nossa fé e viver bem em
comunidade”, compartilhou.