STF volta a pautar a Reforma trabalhista de Temer
O Supremo Tribunal Federal
(STF) vai retomar as discussões sobre a legislação trabalhista no Brasil,
abordando temas como a constitucionalidade do contrato intermitente, regras
para demissão sem justa causa e a proteção do trabalhador diante da automação.
Nesta quarta-feira, 21, a
Corte deve anunciar o resultado do julgamento sobre a adesão do Brasil à
Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da
demissão sem justa causa.
O tratado exige que os
empregadores forneçam uma razão justa para demitir os funcionários. Isso não
elimina as demissões por justa causa, mas determina que o empregador apresente
uma justificativa para tal ação (como por exemplo, redução de gastos ou desempenho
insatisfatório do colaborador).
O julgamento começou no
plenário virtual, no entanto, surgiram interpretações divergentes. A conclusão
será feita no plenário físico sobre os temas (Contrato intermitente, Proteção
dos trabalhadores diante da automação e Desoneração)
Também em discussão estão as
ações que questionam a constitucionalidade do contrato intermitente, um tipo de
vínculo empregatício introduzido pela reforma trabalhista do governo de Michel
Temer (MDB). Nesse modelo de contrato, bastante utilizado no varejo, o
trabalhador presta serviços de forma não contínua, dependendo da demanda do
empregador.
O julgamento teve início em
2020 e, antes de ser suspenso, estava empatado. Os ministros Edson Fachin e
Rosa Weber votaram pela inconstitucionalidade da norma, enquanto Nunes Marques
e Alexandre de Moraes foram a favor do contrato intermitente. O ministro André
Mendonça solicitou destaque e o julgamento será reiniciado.
Nesta semana, a Corte poderá
começar a julgar uma ação movida pela Procuradoria-Geral da República sobre
alegada omissão do Legislativo em regular a proteção dos trabalhadores diante
da automação. Essa regulamentação está prevista na Constituição desde 1988.
Caso os ministros identifiquem essa omissão, podem estabelecer um prazo para
que o Congresso legisle sobre o tema. Inicialmente, o julgamento estava marcado
apenas para a leitura do relatório e argumentos dos advogados.
No plenário virtual, os
ministros decidirão se ratificam a decisão do ministro Edson Fachin,
vice-presidente do Supremo, que prorrogou até 11 de setembro o prazo para que
governo e Congresso cheguem a um acordo sobre a desoneração da folha de
pagamento. A determinação foi feita em meados de julho, durante o recesso
judiciário.