Ex-executivos da Lojas Americanas, segundo PF “não media esforços para enganar mercado”
A Polícia Federal
(PF) afirmou, em seu pedido de prisões e buscas e apreensões
contra ex-executivos da Lojas Americanas, que a cúpula da empresa não “media esforços
para enganar o mercado financeiro” por meio de fraudes contábeis que escondiam os resultados negativos da varejista e
garantiam lucros aos seus diretores.
“Documentos e planilhas eram falsificados, dívidas contraídas com os
bancos eram escondidas do balanço e créditos inexistentes eram criados e
lançados na contabilidade da companhia”, afirma a PF no pedido que resultou
na Operação Disclosure, deflagrada nessa quinta-feira (27/6)
contra 14 investigados.
Além das buscas em suas residências, o ex-CEO da empresa Miguel Gutierrez e a ex-diretora Anna Christina Ramos
Saicali foram alvo de mandados de prisão, expedidos pela Justiça
Federal do Rio de Janeiro. Ambos estão fora do país — ele, na Espanha, onde tem
cidadania, ela, em Portugal — e tiveram seus nomes incluídos na lista de
Difusão Vermelha da Interpol, a polícia internacional.
Segundo a PF, as fraudes estão comprovadas por centenas de e-mails
trocados entre os ex-executivos da varejista. “Por meio deles, verifica-se que,
mês a mês, todos recebiam os resultados reais, tomavam conhecimento do refino
dos números (versões que modificavam linhas do balanço), elegiam um resultado
fictício e tomavam conhecimento do resultado fraudulento”, afirma a polícia.
Delatores apontaram que o ex-CEO da empresa Miguel Gutierrez, apontado
como parte do primeiro escalão na “hierarquia da fraude”, tinha conhecimento do
“arquivo verde e amarelo”, usado como uma espécie de “régua” para que a
varejista fraudasse resultados de acordo com as expectativas do mercado