Unidade de Saúde da Família do Candeal homenageia moradores históricos da localidade
O secretário da Saúde, Alexandre Reis, destaca a importância
do gesto solene realizado para toda a população do Candeal. “Esta homenagem é
mais que merecida. Nossa missão é seguir garantindo a continuidade de cuidados
e assistência necessária aos moradores, como vem ocorrendo ao longo do último
ano e meio, com a ampliação e qualificação da rede municipal de saúde. Candeal
e adjacências já estão usufruindo de uma unidade totalmente reestruturada,
muito mais acolhedora, com melhorias nos equipamentos e um maior número de
equipes compostas por profissionais qualificados para fortalecer ainda mais a
atenção para com a população”, declara.
Para Ruth, a forma como a USF foi
pensada é algo bastante simbólico. “Aqui é um bairro predominantemente
feminino, é um bairro de mulheres que cuidam. Essas mulheres criaram grandes
movimentos no bairro, desde a ocupação da Rua 9 de Outubro, a Associação 9 de
Outubro, a Associação Defesa e Progresso, e esse movimento de lavadeiras, que
cuidam dos seus, então o posto vem deste movimento. Foi uma escolha difícil
chegar aos 11 homenageados, mas decidimos que seria em sua maioria, póstumos.
Deles, apenas Dona Didi está viva, e toda a descendência vem dela”.
Prestes a completar 106 anos, Hilda
Quirino, a Dona Didi, é tataraneta de Josefa de Santana, negra liberta da Costa
do Marfim que chegou ao Brasil em 1769 e fundou o Candeal ao lado do marido,
Manuel Mendes. Hoje, dona Didi é ialorixá da Casa de Ògún, único terreiro no
Brasil que faz culto exclusivamente ao orixá Ogum, localizado no Candeal
Pequeno. Devido à idade avançada, não foi possível entrevistá-la.
Filha de Dona Damiana Pereira dos
Santos e mãe de Carlinhos Brown, Madalena Santos de Freitas, 77 anos, a dona
Madá, conta que ficou bastante emocionada com a iniciativa. “Me sinto feliz,
agradecida, não só por mim, mas por todos. Através de tudo isso, do pai de Jair
(seu Francisco) ter feito essa coisa do terreno (doação), o trabalho social de
Carlinhos, hoje o Candeal é bem servido e estruturado. Temos este posto de
saúde maravilhoso, a Pracatum. Fiquei felicíssima com a lembrança”, disse.
Outra mulher celebrada pelo legado
deixado é Lisonete Guedes, falecida em fevereiro último, aos 77 anos. O posto,
aliás, acolheu dona Lisô, que foi paciente da USF por mais de dez anos, criando
um vínculo de amizade com profissionais da unidade.
“A homenagem foi impactante e é uma
sensação boa, positiva, pois é uma herança deixada por ela, este legado de
guerreira, de uma das primeiras mulheres do Candeal, uma das primeiras a
dirigir um automóvel. Minha mãe era uma figura. As pessoas diziam ‘você não
existe Lisô’ e ela respondia: ‘existo sim e estou aqui’. Esses chavões que ela
tinha deixam uma certeza maior da mulher que ela foi, quando a gente vê a
recíproca do carinho da comunidade”, declarou um dos quatro filhos de dona
Lisô, o músico Alexandre Guedes, da banda Motumbá.